segunda-feira, 28 de abril de 2008

Juro que Vi: Matinta Perera

No interior do Brasil, reza a lenda que quando Matinta Perera passa por um vilarejo, e não encontra oferendas, uma tragédia pode acontecer. Uma menina e seu gato acabam, por acaso, descobrindo os mistérios da bruxa Matinta Perera que se transforma em pássaro e que abre conhecimentos sobre um mundo novo e maravilhoso, o que permite a menina suplantar seus medos.
assista aqui:

Fundamentos da educação

5/04/2008

Por Alex Sander Alcântara

Agência FAPESP – Uma pesquisa, feita no campus de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, investigou a associação entre comportamento e desempenho escolar entre meninos e meninas. O estudo indica como a qualidade das relações estabelecidas na escola de educação infantil pode afetar o aprendizado das crianças.

O trabalho avaliou o comportamento das meninas mais positivamente, ao passo que o desempenho escolar foi mais fortemente associado aos comportamentos interpessoais no grupo masculino. Para ambos os sexos, foram avaliados o comportamento – na relação com a tarefa, com os colegas e com o professor – e o desempenho a partir de sondagem de leitura e escrita.

Segundo a coordenadora do estudo, a professora Edna Maria Marturano, da Faculdade de Medicina, os resultados destacam uma clara associação entre a qualidade dos comportamentos interativos, avaliados pelo professor no fim do ano, e o desempenho em tarefas que envolvem noções básicas de leitura e escrita.

“Mas as associações encontradas não traduzem em si uma relação de causa e efeito. Interpretamos os resultados com base em autores que acompanharam as crianças desde o início até o fim do ano e observaram que a qualidade dos relacionamentos da criança no primeiro momento influenciava o desempenho posterior”, disse Edna à Agência FAPESP.

A pesquisa, que foi publicada na revista Psicologia em Estudo, foi desenvolvida em escolas públicas municipais do interior de São Paulo. Participaram 133 alunos, sendo 68 meninos e 65 meninas, de 5 a 7 anos de idade, e seus professores (sete mulheres e um homem). O trabalho é resultado da dissertação de mestrado da psicóloga Elaine Cristina Gardinal, sob orientação de Edna.

Os professores consideraram os meninos menos respeitosos, tolerantes e controladores no relacionamento com os colegas, mas mais agressivos. Nas atividades escolares, eles são vistos como menos ordeiros e aplicados, mas mais inquietos, salientes, desatentos, retraídos, confusos e descuidados.

Segundo Edna, o fato de a maioria dos professores ser do sexo feminino é uma variável que pode influenciar no resultado. “A pesquisa discute essa possibilidade. Professoras de crianças pequenas tendem a ignorar com mais freqüência os comportamentos inadequados das meninas, prestando mais atenção aos dos meninos. Elas respondem mais, e com mais atenção negativa, aos comportamentos dos meninos.”

“No entanto, não temos conhecimento de estudos comparativos mostrando que os professores homens agem ou agiriam de modo diferente. Eu mesma tive oportunidade de observar um professor de educação infantil que ignorava o choro das meninas e repreendia os meninos quando choravam, dizendo que ‘homem não chora’”, disse.

As autoras aplicaram três instrumentos para avaliar o comportamento, a capacidade intelectual e noções de leitura e escrita, respectivamente: Questionário para Caracterização do Desempenho e do Comportamento da Criança no Ambiente Escolar, Matrizes Progressivas de Raven e o método de Sondagem de Leitura e Escrita Inicial.

Elaine e Edna detectaram que meninos e meninas com melhores resultados em escrita e, principalmente, em leitura, foram avaliados como menos dependentes nos relacionamentos com o professor e com os colegas de classe. A dependência é apontada como prejudicial ao desempenho escolar das crianças na educação infantil.

“Dentre as possíveis interpretações podemos conjecturar, por exemplo, que uma criança mais dependente, pelo fato de tomar menos iniciativas, terá menos oportunidades de fazer descobertas, de enfrentar desafios, de buscar soluções por si mesma e de, portanto, aprender”, afirmou Edna.

notícia

Câmara aprova vaga em escola para crianças de 4 anos

Agência Câmara

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) aprovou nesta quinta-feira, em caráter conclusivo, o Projeto de Lei 7326/06, do Senado, que assegura vaga em escola próxima de sua residência a crianças a partir de 4 anos de idade, na educação infantil e no ensino fundamental. A CCJ acolheu o parecer do relator, deputado Colbert Martins (PMDB-BA), e a proposta segue para sanção do Presidente da República.

Atualmente, a matrícula é obrigatória apenas no ensino fundamental, que atende crianças a partir de 6 anos e inclui nove séries. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 97,6% das crianças entre 7 e 14 anos estavam na escola em 2006.

O senador Cristovam Buarque (PDT), autor do projeto, disse que a parcela rica da população não espera suas crianças completarem 6 anos para as colocarem na escola. "Com a nova lei, as famílias mais pobres também vão poder matricular suas crianças já a partir dos 4 anos", comemora o senador.

Ele explica que teve o cuidado de não exigir, na proposta, a construção de novas escolas para não impor custos excessivos aos municípios. "Se a escola mais próxima for muito longe, os pais não vão matricular as crianças", prevê Cristovam Buarque. Ele acredita, no entanto, que haverá pressão para construção de mais escolas a fim de que, progressivamente, todos possam matricular seus filhos em estabelecimentos de ensino próximos de casa.

A relatora do projeto na Comissão de Educação e Cultura, deputada Maria do Rosário (PT-RS), onde o projeto foi aprovado em dezembro do ano passado, lembrou que o Plano Nacional de Educação (PNE) estipula como meta o atendimento de 80% das crianças de quatro e cinco anos até 2011. Além disso, ela ressaltou que, como o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) incluiu a educação infantil entre as modalidades a serem financiadas, haverá um crescimento do número de matrículas de crianças acima de quatro anos. "Daí a necessidade de orientar esse crescimento segundo algumas regras, entre as quais a da proximidade da escola da residência do aluno", disse.


Autor: Silvana Ribas

terça-feira, 18 de março de 2008

Educar crianças para aprender o consumo consciente

Luciana Rebouças, de A Tarde

No último sábado, 15, o mundo comemorou o Dia do Consumidor. Mas cabe uma reflexão sobre a seguinte questão: como expor as crianças a este universo de consumo? Sem dúvida, as crianças já estão elevadas ao status de consumidoras. Elas sabem o que querem possuir e são bastante estimuladas pela publicidade.

Na tentativa de reverter este fenômeno, muitos pais e educadores têm aderido a idéia da Educação para o Consumo Consciente voltada para o público infantil. Estes ensinamentos trabalham a idéia do consumo com limites, da escolha saudável dos produtos comprados e do consumo de produtos que não prejudiquem o meio ambiente.

"O indicado é que os pais tenham sempre um diálogo com os pequenos. Eles têm que brincar. E estes universo consumista encurta a infância", explica Lais Pereira, psicóloga do Instituto Alana - Projeto Criança e Consumo. O Instituto luta pela publicidade endereçada apenas aos pais, para não tornar as crianças verdadeiras "promotoras de vendas".

Uma pesquisa da InterScience aponta que, entre as crianças de 6 a 13 anos, 80% influenciam nas compras de produtos familiares. "Nesta pesquisa, constataram que as crianças só não opinam na compra de seguros-saúde e material de limpeza", coloca a psicóloga.

Segundo Isabella Henriques, coordenadora geral e advogada do Instituto Alana, os pais devem observar o potencial nocivo destas propagandas que não focam produtos infantis, como celulares e carros, mas encontram nas crianças porta-vozes para influenciar na escolha dos pais.

Além disto, a publicidade de produtos infantis confundem as crianças quando utiliza os personagens do desenho que elas assistem, ou o apresentador que elas assistem, já associados à diversão. "A publicidade também se aproveita do gosto das crianças por colecionar. É quase uma falta de escrúpulos a associação de vários produtos a brindes", reitera a psicóloga.

Para Lais, a escola também tem um papel importante ao promover oficinas para trabalhar a questão da publicidade, não vender produtos alimentícios gordurosos e tentar diminuir o desejo de ter das crianças. "A educação para o consumo pode entrar como um vetor em várias disciplinas na escola. Também podem ter projetos para a utilização racional da água, por exemplo. É importante que a escola incorpore esta educação no dia a dia", ressalta.

Engano - Como as crianças passam um grande período em frente à televisão, e 1/3 desta programação é voltada para a publicidade, esta combinação fatal faz as crianças virarem armadilhas da sociedade fundamentalmente consumista. Segundo pesquisa da Kid Power 2007, mais de R$ 200 milhões foram gastos em publicidade dirigida ao público infantil no Brasil em 2006.

"A publicidade existe única e exclusivamente para vender. Ela não está interessada em explicar se o produto é bom, ou ruim, ou para quem serve o produto", explica Isabella. A advogada reitera a não-possibilidade de estas propagandas serem voltadas para quem não possui discernimento para entendê-las.

Isabella usa como exemplo a criança que joga no seu computador, passa por uma ilha, e dentro dela há uma fantástica lanchonete já conhecida pelo público infantil. "A criança não tem o discernimento para entender que aquela empresa pagou pelo anúncio no jogo. Esta propaganda não é inidentificável como tal para os pequenos", provoca.

Ela informa que o Código de Defesa do Consumidor condena, a prática no artigo 37: "É abusiva, dentre outras, a publicidade... que se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança"; e no artigo 36, a publicidade que não é identificável como tal.

Segundo a advogada, cerca de um ano depois do lançamento do Projeto Criança e Consumo, as denúncias aumentaram consideravelmente contra as propagandas que focam as crianças. "Temos uma aceitação boa, tanto dos órgãos públicos como dos pais. Os pais comentam que não agüentam mais os constantes pedidos dos filhos, que um dia querem um carrinho, no outro um boneco, no outro um vídeo game...".

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Brasil é 16º em ranking sobre avanços na educação

Relatório leva em conta cumprimento de metas do programa Educação para Todos.
Ilhas Mauricio tiveram o maior avanço entre 2000 e 2007, de acordo com o levantamento.


O Brasil ocupa a 16ª posição no ranking dos avanços para cumprir as metas do programa Educação para Todos (EPT). Os dados estão em um relatório feito pela Campanha Global pela Educação, que iniciou, nesta terça-feira (22), a assembléia “Educação para todos em risco: a hora de agir é agora”, em São Paulo.



O índice da melhora brasileira está atrás do mexicano e à frente ao da Malásia. Ilhas Mauricio ocupam a primeira posição no ranking, Letônia está na segunda e Uruguai na terceira. O último colocado é o Haiti, na 156ª posição. Veja o relatório completo aqui (em inglês).

O relatório, que mede os avanços de 2000 a 2007 para cumprir as metas do programa, e não a qualidade da educação de cada país, usa dados do relatório Educação para Todos, publicado anualmente pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), informações dos governos, pesquisas acadêmicas e análises internacionais.



Foram analisados seis pontos: a universalização da educação básica, o empenho político dos governos, o aumento das matrículas, a qualidade do ensino e aprendizagem, a igualdade de oportunidades e a transparência das contas públicas.

Na avaliação, o Brasil atingiu a pontuação global de 70 e o conceito B-, o que representa a 16ª posição mundial e a 7ª na América Latina. Nos itens analisados, o melhor conceito obtido pelo país, A-, foi em empenho político e o pior, D+, na transparência das contas públicas. A pior posição brasileira está na qualidade de ensino e aprendizagem, 57ª, e a melhor é no empenho político do governo, 12ª.



De acordo com o coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, embora o Brasil tenha mostrado avanços em relação a 2000, a melhora na qualidade da educação ainda está muito distante.



“Nós fizemos um estudo de quanto custa uma educação de qualidade e avaliamos que são necessários investimentos na ordem de R$ 19 bilhões na educação pública básica. Estes investimentos devem ser empregados prioritariamente pelo Governo federal”, disse.



O relatório da campanha destaca que os principais desafios do governo brasileiro são expandir o ensino médio, melhorar a qualidade da educação, principalmente aumentando o número de professores, e oferecer programas de alfabetização para adultos já que muitos brasileiros não sabem ler e escrever.



A secretária de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), Maria do Pilar, considera o resultado positivo. "O relatório é animador. É uma avaliação de um movimento social muito aguerrido, muito crítico, e significa que as políticas educacionais do Brasil estão fazendo efeito", disse.